Artigo 1. Dr Hadden Graham

Nunca houve tanto foco no papel da ciência em manter todos nós seguros e em como o entendimento da biociência e da genética pode oferecer avanços que possam transformar nosso futuro. Foco, não apenas para proteger nossa saúde das ameaças de pandemias virais e das bactérias resistentes, mas em toda a cadeia de suprimento de alimentos. Mais do que nunca, a indústria de alimentos depende da boa ciência, por exemplo, para apoiar a produtividade, proteger a saúde animal e humana contra as doenças, melhorar a produtividade das lavouras e, finalmente, fornecer quantidades suficientes de alimentos seguros para alimentar um mundo cada vez mais faminto.

Nesta série de artigos, os especialistas da FOLIUM Science trazem reflexões sobre o papel que a biociência desempenha na cadeia de suprimento de alimentos e aproveitam suas próprias experiências pessoais para imaginar como será o futuro.

O Diretor Técnico da FOLIUM Science, Dr. Hadden Graham, compartilha seus pensamentos sobre alguns dos maiores avanços da biociência.

“A biotecnologia tem sido importante por milhares de anos, desde os tempos dos antigos egípcios, quando a fermentação era usada para preservar os alimentos. A seleção para o melhoramento de plantas tem sido realizada há séculos, mas grandes avanços começaram a ocorrer após a maior compreensão de como acelerar esse processo e de como obter resultados previsíveis com base no entendimento da composição genética dos organismos”.

A genética está no cerne de grande parte da ciência aplicável à cadeia de suprimento de alimentos. Um bom exemplo disso é a melhoria da qualidade das matrizes para a produção de aves de corte pelos criadores.

“Esses criadores não estão usando a genética molecular (GM) para melhorar seu plantel. Eles estão realizando a seleção com base no desempenho e usando grandes volumes de dados biológicos (big data) para identificar e expressar as características genéticas desejadas na próxima geração. E não se trata apenas de desempenho. A seleção genética promoverá uma melhor saúde e bem-estar animal, por meio da seleção de maior força das pernas ou resistência dos ossos, por exemplo. Temos, atualmente, um profundo entendimento sobre a genética animal, mas ainda precisamos aprender mais sobre como fornecer a genética por meio de alimentos para ajudar a controlar as doenças ”

Mas disponibilizar a avançada biociência e suas inovações ao mercado tem seus desafios. Particularmente, na opinião de Hadden, quando se trata dos consumidores.

“Algumas pessoas pensam que são as Agências Regulatórias que apresentam a maior barreira à inovação em biociência, mas um problema ainda maior pode ser a maneira de como os consumidores a percebem. Os consumidores geralmente temem o desconhecido e, no geral, não entendem a ciência. Isso não é necessariamente culpa deles, uma vez que a ciência tem aumentado sua complexidade e a sua compreensão é muito mais difícil do que era 20 anos atrás, entretanto, o grau de resistência dos consumidores a alguns aspectos da biociência tem limitado algumas de suas aplicações, mesmo considerando que as Agências Regulatórias já tenham estabelecido os adequados sistemas e processos regulatórios.”

A presença diária de cientistas e especialistas nas manchetes, como resultado da pandemia do coronavírus, poderá resultar em maior confiança dos consumidores na ciência, juntamente com o maior interesse sobre a origem da nossa comida.

“Governos de todo o mundo estão percebendo a importância de ouvir os especialistas. Eles precisam que os cientistas lhes digam o que fazer, pois não há outra maneira de lidar com os problemas que temos que enfrentar no mundo de hoje. Isso se aplica ao fornecimento a longo prazo de nossos alimentos, bem como ao combate às doenças. Para os consumidores, a questão principal será em torno da confiança. Conseguirá a ciência recuperar a confiança dos consumidores, tão erodida nos últimos anos? Devemos esperar, no mínimo, uma mudança de atitude frente às pessoas com genuíno conhecimento e experiência. Este é um momento importante para a indústria de biotecnologia. Estamos à procura de soluções para alguns dos grandes problemas de saúde de hoje, incluindo muitos tipos de câncer e doenças. Nossa tecnologia Guided Biotics® com base em edição gênica (CRISPR) faz parte disso”.

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Hadden tem demonstrado seu pioneirismo em fornecer ao mercado soluções inovadoras com bases em biociência, para a cadeia de suprimento de alimentos, desde o final dos anos 80, quando as enzimas alimentares foram lançadas com ineditismo pela Empresa Finnfeeds, produtora de aditivos alimentares. Embora as enzimas venham sendo usadas inadvertidamente por séculos na produção de cerveja e queijo e estudadas em testes de desempenho em animais desde a década de 1920, essa indústria multibilionária nasceu apenas após o surgimento da correta oportunidade de mercado.

“Embora a ação das enzimas na ração animal seja bem compreendida, o catalisador e a inovação comercial foram o impacto que as enzimas alimentares tiveram nas aves alimentadas com cevada. A cevada cultivada no mercado interno era significativamente mais barata que o trigo importado, mas historicamente criava problemas com resíduos da digestão quando servida às aves. A adição de enzimas na ração transformou esse problema, como dizem, em parte da história. Este foi um exemplo de onde a boa ciência reagiu à oportunidade do mercado e foi rapidamente transformada, por cientistas astutos, em uma aplicação comercial”.

Dessa forma, quais lições podemos aprender com essas reflexões?

Primeiramente, embora a biociência tenha desempenhado, por séculos, seu papel na produção de alimentos seguros, nunca foi tão grande a importância de fornecer soluções baseadas na ciência para a cadeia de suprimento de alimentos. O crescimento populacional e a mudança nos padrões de consumo do público significam que a eficiência da produção dependerá de um profundo entendimento dos fatores que promovem uma maior produtividade. Além dessas pressões em curso, as ameaças atuais à saúde humana decorrentes da resistência das bactérias e da pandemia viral são muito reais e só podem ser resolvidas com o empenho em investir na pesquisa e inovação necessárias.

Em segundo lugar, devemos esperar ver a ciência como o herói em nossas histórias futuras e o retorno de um mundo onde a ciência supera a política. Ou, pelo menos, é o que devemos esperar.

E, finalmente, existem enormes oportunidades comerciais para investidores em biotecnologia e para organizações voltadas para a ciência, que sejam capazes não apenas de desenvolver produtos para aumentar a produtividade das lavouras e para apoiar a produção de alimentos seguros, mas que sejam também capazes de estabelecer operações comercias para o rápido lançamento ao mercado.